Procurando por uma foto para dar o ar da graça na nossa bibliografia me deparei com aquela famosa foto do Bush com um livro de cabeça pra baixo (foto acima).

Mas será que era verídico? Há um vídeo que o mostra segurando um livro de cabeça pra baixo em outra ocasião (aqui). Por que não aconteceria outra vez??

Mas não aconteceu. A imagem foi manipulada. No mundo vale tudo pra ridicularizar um presidente. Deu certo, a foto falsa circulou por muitos blogs e vário emails, hoje é muito mais conhecida do que a verdadeira. 

 Observe, por exemplo, que a imagem na parte de trás do livro nas mãos do aluno e um outro sobre a capa do livro nas mãos do presidente Bush é o inverso do outro, o que mostra que a foto foi manipulada.¹

Mas qual é o problema? Apenas uma graça da net? Não!

E quando essa imagem é adulterada? Para o popular, já diz o ditado: uma imagem vale mais que mil palavras. Elas podem modificar o imaginário social. Como o "ato heróico de um homem que sozinho conseguiu barrar o avanço de uma coluna de tanques de guerra transformou-se em símbolo"³. E se essa imagem fosse inverídica?

Com a internet,  e a rápida disseminação da informação, a representação social de um presidente, mesmo que por meio de uma foto manipulada, seria enorme. 

No Brasil o ambiente não é diferente. A coisa é tão séria que o STJ já se pronunciou no sentido que o direito à imagem é um direito essencial à pessoa⁵.

Mas o desafio para nós, futuros profissionais da ciência da informação, é garantir a imagem como documento arquivístico, com a correta contextualização, sempre se preocupando com o direito à imagem. Para se libertar daquela crise do documento imagético como prova documental. Mas, infelizmente não é possível garantir a veracidade das informações dos documentos.. Mas e a autenticidade?
Sobre veracidade e autenticidade:

... enquanto a autenticidade está voltada para o processo de criação do documento, a veracidade está ligada diretamente a qualidade das informações que compõe este certificado."⁶

O arquivo tem que servir como ponto para a tomada de decisões numa organização e, assim, subsidiar decisões. Deste modo, como documento de arquivo, uma imagem NÃO deve valer mais do que mil palavras (ou documentos). A produção de documentos imagéticos geralmente ocorre concomitantemente com a de textuais relativas a mesma função. Esse conjunto documental, portanto, se autenticaria. Voltando a imagem do Bush, notícias de jornais sobre a distração ou relatos dos presentes poderiam autenticar a foto.

Todo documento de arquivo deve ser analisado organicamente. Mas em relação ao documento imagético, essa relação é tudo, justifica a própria existência do documento. "Fora desse contexto, o documento torna-se vazio, do ponto de vista arquivístico."⁷ Pois na classificação arquivística da imagem, a ênfase é na função. "Somente sua contextualização em uma dimensão arquivística será capaz de determinar com exatidão sua origem e os motivos de sua produção"⁸.

Essa aconteceu (clique para ampliar)

Essa não (clique para ampliar)

O que ele acha sobre a opinião americana (clique para ver o vídeo)

Há divergências sobre o fato (clique para ler mais)

² ³ ⁴ ⁶  ⁷ ⁸ LOPEZ, A. P. A. . As razões e os sentidos: finalidades da produção documental e interpretação de conteúdos na organização arquvística de documentos imagéticos. Maringá (PR): EDUEM, 2002 (Resumo de pesquisa).

⁵ STJ. Direito à imagem: um direito essencial à pessoa. <http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=101305> Acesso em 8 jun